sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Tchau!

Bom, hoje (02/09) é o último dia de postagem do blog da Coletânea FB 2011. Eu gostei muito de produzi-lo e espero que vocês tenham gostado e aprendido mais sobre essa fantástica poetisa, pintora, educadora, cronista, enfim, sobre essa mulher tão especial e talentosa, que é nossa Cecília Meireles. Espero que vocês tenham aprendido e conhecido mais sobre a vida dela, sobre sua carreira, suas diversas facetas e vocações, seus amores, suas perdas, sua história e sua poesia. Gostei muito de fazer o blog e espero que vocês tenham curtido meus posts também! Enfim, obrigado por terem visitado e acompanhado.

"...Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha (...)"
Lua Adversa - Cecília Meireles


Com esse slide que eu fiz com algumas imagens de Cecília, eu encerro o blog. Obrigado e até o próximo! ;)


Lucas Holanda

Canção

Já que o tema da Coletânea FB deste ano é "Uma Canção Para Cecília", deixo aqui pra vocês uma das maravilhosas obras de Cecília que eu gosto muito.
Aproveitem!

CANÇÃO - Cecília Meireles
Nunca eu tivera querido
dizer palavra tão louca:
bateu-me o vento na boca,
e depois no teu ouvido.

Levou somente a palavra,
deixou ficar o sentido.

O sentido está guardado
no rosto com que te miro,
neste perdido suspiro
que te segue alucinado,
no meu sorriso suspenso
como um beijo malogrado.

Nunca viu ninguém
que o amor pusesse tão triste.
Essa tristeza não viste,
E eu sei que ela se vê bem
Só se aquele mesmo vento
fechou teus olhos, também...


É uma das minhas poesias preferidas. Espero que gostem :)

Batuque, Samba e Macumba

Vou deixar para vocês algumas imagens de Batuque, Samba e Macumba, título da primeira exposição de Cecília Meireles como pintora e desenhista.

(fonte: Michele Cunha)

Em suas obras, Cecília conseguia expressar a música e a gestualidade tão próprias do brasileiro por meio de seus traços.

Espero que gostem ;)

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Você sabia que...

...Cecília Meireles assinou o Manifesto dos Pioneiros? Cecília foi uma grande militante da educação pública, laica e democrática. Ela atuou como colunista de diversos assuntos educacionais em jornais do Rio de Janeiro e, como já foi dito, foi formada em pedagogia e fundou a primeira biblioteca infantil do país!

De 1930 a 1933, Cecília assinou sua página diária na Páginas de Educação. Lá, ela já chegou a acusar o então ministro da educação, Francisco Campos, de medalhão e o então presidente, Getúlio Vargas de Sr. Ditador. Cecília não tinha papas na língua. Foram mais de mil artigos em que Cecília defendia o ensino religioso e a criação de escolas mistas, mesmo que, na época, as mulheres nem direito de voto terem.

Logo após isso, Cecília entrou no jornal A Nação, onde podia escrever sobre tudo, menos política. Na década de 40, escreveu para o jornal A Manhã, sobre folclore e, na década de 50, no Diário de Notícias, onde ocupava o famoso rodapé de literatura do "Suplemento Literário". Encerrou sua carreira na imprensa na década de 1960, na Folha de São Paulo.

Deixo aqui pra vocês duas ótimas crônicas de Cecília: Edmundo, O Céptico, de 1963 e Liberdade, de 1964. Espero que gostem :)


EDMUNDO, O CÉPTICO - Cecília Meireles
Naquele tempo, nós não sabíamos o que fosse cepticismo. Mas Edmundo era céptico. As pessoas aborreciam-se e chamavam-no de teimoso. Era uma grande injustiça e uma definição errada.
Ele queria quebrar com os dentes os caroços de ameixa, para chupar um melzinho que há lá dentro. As pessoas diziam-lhe que os caroços eram mais duros que os seus dentes.
Ele quebrou os dentes com a verificação. Mas verificou. E nós todos aprendemos à sua custa. (O cepticismo também tem o seu valor!)
Disseram-lhe que, mergulhando de cabeça na pipa d'água do quintal, podia morrer afogado. Não se assustou com a idéia da morte: queria saber é se lhe diziam a verdade. E só não morreu porque o jardineiro andava perto.
Na lição de catecismo, quando lhe disseram que os sábios desprezam os bens deste mundo, ele perguntou lá do fundo da sala: "E o rei Salomão?" Foi preciso a professora fazer uma conferência sobre o assunto; e ele não saiu convencido. Dizia: "Só vendo." E em certas ocasiões, depois de lhe mostrarem tudo o que queria ver, ainda duvidava. "Talvez eu não tenha visto direito. Eles sempre atrapalham." (Eles eram os adultos.)
Edmundo foi aluno muito difícil. Até os colegas perdiam a paciência com as suas dúvidas. Alguém devia ter tentado enganá-lo, um dia, para que ele assim desconfiasse de tudo e de todos. Mas de si, não; pois foi a primeira pessoa que me disse estar a ponto de inventar o moto contínuo, invenção que naquele tempo andava muito em moda, mais ou menos como, hoje, as aventuras espaciais.
Edmundo estava sempre em guarda contra os adultos: eram os nossos permanentes adversários. Só diziam mentiras. Tinham a força ao seu dispor (representada por várias formas de agressão, da palmada ao quarto escuro, passando por várias etapas muito variadas). Edmundo reconhecia a sua inutilidade de lutar; mas tinha o brio de não se deixar vencer facilmente. Numa festa de aniversário, apareceu, entre números de piano e canto (ah! delícias dos saraus de outrora!), apareceu um mágico com a sua cartola, o seu lenço, bigodes retorcidos e flor na lapela. Nenhum de nós se importaria muito com a verdade: era tão engraçado ver saírem cinqüenta fitas de dentro de uma só... e o copo d'água ficar cheio de vinho...
Edmundo resistiu um pouco. Depois, achou que todos estávamos ficando bobos demais. Disse: "Eu não acredito!" Foi mexer no arsenal do mágico e não pudemos ver mais as moedas entrarem por um ouvido e saírem pelo outro, nem da cartola vazia debandar um pombo voando... (Edmundo estragava tudo).
Edmundo não admitia a mentira. Edmundo morreu cedo. E quem sabe, meu Deus, com que verdades?)

LIBERDADE - Cecília Meireles
Deve existir nos homens um sentimento profundo que corresponde a essa palavra LIBERDADE, pois sobre ela se têm escrito poemas e hinos, a ela se têm levantado estátuas e monumentos, por ela se tem até morrido com alegria e felicidade.
Diz-se que o homem nasceu livre, que a liberdade de cada um acaba onde começa a liberdade de outrem; que onde não há liberdade não há pátria; que a morte é preferível à falta de liberdade; que renunciar à liberdade é renunciar à própria condição humana; que a liberdade é o maior bem do mundo; que a liberdade é o oposto à fatalidade e à escravidão; nossos bisavós gritavam "Liberdade, Igualdade e Fraternidade! "; nossos avós cantaram: "Ou ficar a Pátria livre/ ou morrer pelo Brasil!"; nossos pais pediam: "Liberdade! Liberdade!/ abre as asas sobre nós", e nós recordamos todos os dias que "o sol da liberdade em raios fúlgidos/ brilhou no céu da Pátria..." em certo instante.
Somos, pois, criaturas nutridas de liberdade há muito tempo, com disposições de cantá-la, amá-la, combater e certamente morrer por ela.
Ser livre como diria o famoso conselheiro... é não ser escravo; é agir segundo a nossa cabeça e o nosso coração, mesmo tendo de partir esse coração e essa cabeça para encontrar um caminho... Enfim, ser livre é ser responsável, é repudiar a condição de autômato e de teleguiado é proclamar o triunfo luminoso do espírito. (Suponho que seja isso.)
Ser livre é ir mais além: é buscar outro espaço, outras dimensões, é ampliar a órbita da vida. É não estar acorrentado. É não viver obrigatoriamente entre quatro paredes.
Por isso, os meninos atiram pedras e soltam papagaios. A pedra inocentemente vai até onde o sonho das crianças deseja ir (As vezes, é certo, quebra alguma coisa, no seu percurso...)
Os papagaios vão pelos ares até onde os meninos de outrora (muito de outrora!...) não acreditavam que se pudesse chegar tão simplesmente, com um fio de linha e um pouco de vento! ...
Acontece, porém, que um menino, para empinar um papagaio, esqueceu-se da fatalidade dos fios elétricos e perdeu a vida.
E os loucos que sonharam sair de seus pavilhões, usando a fórmula do incêndio para chegarem à liberdade, morreram queimados, com o mapa da Liberdade nas mãos! ...
São essas coisas tristes que contornam sombriamente aquele sentimento luminoso da LIBERDADE. Para alcançá-la estamos todos os dias expostos à morte. E os tímidos preferem ficar onde estão, preferem mesmo prender melhor suas correntes e não pensar em assunto tão ingrato.
Mas os sonhadores vão para a frente, soltando seus papagaios, morrendo nos seus incêndios, como as crianças e os loucos. E cantando aqueles hinos, que falam de asas, de raios fúlgidos linguagem de seus antepassados, estranha linguagem humana, nestes andaimes dos construtores de Babel...

leia mais aqui

Cecília Meireles: Pintora

Oi, gente!
Agora quero falar pra vocês mais sobre a Cecília Meireles como pintora.

Suas obras tiveram repercussão, principalmente, em Lisboa. Devido ao tamanho sucesso, suas obras vinham sendo publicadas por uma revista chamada Mundo Português. Apesar do sucesso estrangeiro, suas obras só vieram ser conhecidas no Brasil, na forma impressa, em novembro de 1983, devido à comemoração dos cinquenta anos de sua primeira exposição artística (1933). Essa publicação aconteceu sob o patrocínio da Funarte e do Banco Crefisul, com tiragem reduzida e não-comercial, com o título Batuque, Samba e Macumba. Uma maior circulação desse trabalho, na forma editada, só aconteceu em 2003.

Essa face de pintora de Cecília talvez não tenha tido tanta repercussão quanto sua face de poetisa porque em 1935, após perder seu marido, Fernando, que era desenhista, a face de pintora de Cecília foi perdendo sua cor, até desaparecer.

É isso. Espero que tenham gostado. Até mais ;)

- saiba mais aqui

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Uma crônica de Cecília

Bem, eu me dei conta de que nunca havia postado nenhuma crônica de Cecília aqui no blog. Mas aí vai uma que eu achei muito interessante:


O FIM DO MUNDO - Cecília Meireles
A primeira vez que ouvi falar no fim do mundo, o mundo para mim não tinha nenhum sentido, ainda; de modo que não me interessava nem o seu começo nem o seu fim. Lembro-me, porém, vagamente, de umas mulheres nervosas que choravam, meio desgrenhadas, e aludiam a um cometa que andava pelo céu, responsável pelo acontecimento que elas tanto temiam.

Nada disso se entendia comigo: o mundo era delas, o cometa era para elas: nós, crianças, existíamos apenas para brincar com as flores da goiabeira e as cores do tapete.

Mas, uma noite, levantaram-me da cama, enrolada num lençol, e, estremunhada, levaram-me à janela para me apresentarem à força ao temível cometa. Aquilo que até então não me interessava nada, que nem vencia a preguiça dos meus olhos pareceu-me, de repente, maravilhoso. Era um pavão branco, pousado no ar, por cima dos telhados? Era uma noiva, que caminhava pela noite, sozinha, ao encontro da sua festa? Gostei muito do cometa. Devia sempre haver um cometa no céu, como há lua, sol, estrelas. Por que as pessoas andavam tão apavoradas? A mim não me causava medo nenhum.

Ora, o cometa desapareceu, aqueles que choravam enxugaram os olhos, o mundo não se acabou, talvez eu tenha ficado um pouco triste - mas que importância tem a tristeza das crianças?

Passou-se muito tempo. Aprendi muitas coisas, entre as quais o suposto sentido do mundo. Não duvido de que o mundo tenha sentido. Deve ter mesmo muitos, inúmeros, pois em redor de mim as pessoas mais ilustres e sabedoras fazem cada coisa que bem se vê haver um sentido do mundo peculiar a cada um.

Dizem que o mundo termina em fevereiro próximo. Ninguém fala em cometa, e é pena, porque eu gostaria de tornar a ver um cometa, para verificar se a lembrança que conservo dessa imagem do céu é verdadeira ou inventada pelo sono dos meus olhos naquela noite já muito antiga.

O mundo vai acabar, e certamente saberemos qual era o seu verdadeiro sentido. Se valeu a pena que uns trabalhassem tanto e outros tão pouco. Por que fomos tão sinceros ou tão hipócritas, tão falsos e tão leais. Por que pensamos tanto em nós mesmos ou só nos outros. Por que fizemos voto de pobreza ou assaltamos os cofres públicos - além dos particulares. Por que mentimos tanto, com palavras tão judiciosas. Tudo isso saberemos e muito mais do que cabe enumerar numa crônica.

Se o fim do mundo for mesmo em fevereiro, convém pensarmos desde já se utilizamos este dom de viver da maneira mais digna.

Em muitos pontos da terra há pessoas, neste momento, pedindo a Deus - dono de todos os mundos - que trate com benignidade as criaturas que se preparam para encerrar a sua carreira mortal. Há mesmo alguns místicos - segundo leio - que, na Índia, lançam flores ao fogo, num rito de adoração.
Enquanto isso, os planetas assumem os lugares que lhes competem, na ordem do universo, neste universo de enigmas a que estamos ligados e no qual por vezes nos arrogamos posições que não temos - insignificantes que somos, na tremenda grandiosidade total.

Ainda há uns dias a reflexão e o arrependimento: por que não os utilizaremos? Se o fim do mundo não for em fevereiro, todos teremos fim, em qualquer mês...


Essa crônica e essa imagem eu vi aqui. :)

Curiosidade: A assinatura de Cecília Meireles

Oi, gente!
Eu estava nuns blogs e me deparei com uma curiosidade muito interessante: a assinatura de Cecília. Eu, particularmente, nunca havia visto, mas deixo aqui a imagem pra vocês que tiverem essa mesma curiosidade de ver que eu tive:


Até mais :)

Brincando com os livros

Olá!
Vocês sabiam que Cecília já disse para a revista Manchete que, quando era criança e não sabia ler, brincava com os livros?
Confira a citação:

                                              "Quando eu ainda não sabia ler, brincava com livros,
e imaginava-os cheios de vozes, contando o mundo.
Sempre me foi muito fácil compor cantigas para os brinquedos;
e, desde a escola primária, fazia versos - o que não significa
dizer que escrevesse poesia"

Essa citação foi encontrada pela professora Margarida de Souza Neves, que publicou um artigo.

Isso quer dizer que a vocação e o talento de Cecília já eram notáveis desde quando ela era criança, mesmo sem saber ler.

É isso. Até o próximo post :)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Cecília Meireles declamando sua poesia "Retrato"

Deixo aqui para vocês um vídeo de Cecília Meireles declamando sua poesia "Retrato":

(Fonte: Youtube)

Espero que gostem! Boa noite ;)

Um pouco mais sobre a vida de Cecília Meireles

Quando começou a escrever, o auge da literatura era o modernismo, mas, apesar disso, Cecília foi fortemente influenciada pelo simbolismo.

Em 1992, Cecília casou-se com o pintor Fernando Correia Dias e teve três filhas. Fernando sofria de depressão, então suicidou-se em 1935. Em 1940, Cecília voltou a casar-se, dessa vez com o professor e engenheiro agrônomo Heitor Vinicius da Silveira

Devido ao seu interesse pela educação e sua formação como professora, Cecília fundou a Biblioteca Infantil do Rio de Janeiro. Em função disso, ela escreveu várias obras que enriqueceram a literatura infantil. Essas obras eram marcadas pela musicalidade.

Além de poetisa, Cecília foi jornalista, cronista (fazia crônicas críticas sobre educação e política, principalmente), educadora (formada em pedagogia) e pintura

Cecília manteve-se lúcida e trabalhando até poucos dias antes de morrer. Ela faleceu no dia 9 de novembro de 1964, no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Ela pediu que seu túmulo fosse simples:  apenas sua assinatura e as datas de nascimento e morte em bronze na lápide.

Cecília foi, mas deixou sua herança de grande profissional e mulher. Com seu talento e vocação, conquistou inúmeros prêmios, dentre eles: Prêmio Jabuti de Poesia, pelo livro Solombra (1964) e Prêmio Machado de Assis" pelo conjunto da obra (1965). Como tradutora, recebeu o Prêmio de Tradução de Obras Teatrais (1962) e o Prêmio Jabuti de Tradução de Obra Literária pelo livro Poesia de Israel (1963).


Aqui você pode encontrar toda a cronologia de Cecília Meireles.


É isso. Cecília foi um exemplo e uma marca para a história literária do nosso país. Espero que vocês tenham curtido o post e tenham aprendido mais sobre sua vida.
Até mais ;)

Qualidades do Professor


Oi, gente!

Como vocês sabem, Cecília tinha muitas vocações. Dentre essas vocações, ela era professora, por isso deixo aqui pra vocês um texto maravilhoso dela sobre essa profissão digna que é ser professor. Vale a pena ler! 
Espero que gostem :)


QUALIDADES DO PROFESSOR - Cecília Meireles
"Se há uma criatura que tenha necessidade de formar e manter constantemente firme uma personalidade segura e complexa, essa é o professor.
Destinado a pôr-se em contato com a infância e a adolescência, nas suas mais várias e incoerentes modalidades, tendo de compreender as inquietações da criança e do jovem, para bem os orientar e satisfazer sua vida, deve ser também um contínuo aperfeiçoamento, uma concentração permanente de energias que sirvam de base e assegurem a sua possibilidade, variando sobre si mesmo, chegar a apreender cada fenômeno circunstante, conciliando todos os desacordos aparentes, todas as variações humanas nessa visão total indispensável aos educadores.
É, certamente, uma grande obra chegar a consolidar-se numa personalidade assim. Ser ao mesmo tempo um resultado — como todos somos — da época, do meio, da família, com características próprias, enérgicas, pessoais, e poder ser o que é cada aluno, descer à sua alma, feita de mil complexidades, também, para se poder pôr em contato com ela, e estimular-lhe o poder vital e a capacidade de evolução.
E ter o coração para se emocionar diante de cada temperamento.
 E ter imaginação para sugerir.
E ter conhecimentos para enriquecer os caminhos transitados.
E saber ir e vir em redor desse mistério que existe em cada criatura, fornecendo-lhe cores luminosas para se definir, vibratilidades ardentes para se manifestar, força profunda para se erguer até o máximo, sem vacilações nem perigos. Saber ser poeta para inspirar. Quando a mocidade procura um rumo para a sua vida, leva consigo, no mais íntimo do peito, um exemplo guardado, que lhe serve de ideal.
Quantas vezes, entre esse ideal e o professor, se abrem enormes precipícios, de onde se originam os mais tristes desenganos e as dúvidas mais dolorosas!
Como seria admirável se o professor pudesse ser tão perfeito que constituísse, ele mesmo, o exemplo amado de seus alunos!
E, depois de ter vivido diante dos seus olhos, dirigindo uma classe, pudesse morar para sempre na sua vida, orientando-a e fortalecendo-a com a inesgotável fecundidade da sua recordação."


(Texto extraído do livro Crônicas de Educação 3)


(Fonte: Blog Palavras Rabiscadas)

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Boa Noite!

"O segredo do sucesso não é fazer o que se gosta, mas sim gostar do que se faz."
Cecília Meireles

Com esse trecho de Cecília, desejo a todos uma boa noite ;)

Uma poesia de Cecília Meireles


Olá ;)

Deixo pra vocês uma das maravilhosas obras de Cecília como poetisa que eu, particularmente, gosto muito. Espero que gostem!


TIMIDEZ - Cecília Meireles

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...

- mas só esse eu não farei.

Uma palavra caídadas montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...

- palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,

- que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...

e um dia me acabarei.

domingo, 28 de agosto de 2011

Bibliografia e outros trabalhos

Esse post é especialmente para que vocês conheçam os trabalhos de Cecília Meireles. Espero que gostem!

Bibliografia:
Espectro, 1919
Criança, meu amor, 1923
Nunca mais... e Poemas dos Poemas, 1923
Criança meu amor..., 1924
Baladas para El-Rei, 1925
O Espírito Vitorioso, 1929
Saudação à menina de Portugal, 1930
Batuque, Samba e Macumba, 1935
A Festa das Letras, 1937
Viagem, 1939
Vaga Música, 1942
Mar Absoluto, 1945
Rute e Alberto, 1945
Rui — Pequena História de uma Grande Vida, 1949 (biografia de Rui Barbosa para crianças)
Retrato Natural, 1949
Problemas de Literatura Infantil, 1950
Amor em Leonoreta, 1952
Doze Noturnos de Holanda & O Aeronauta, 1952
Romanceiro da Inconfidência, 1953
Batuque, 1953
Pequeno Oratório de Santa Clara, 1955
Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro, 1955
Panorama Folclórico de Açores, 1955
Canções, 1956
Giroflê, Giroflá, 1956
Romance de Santa Cecília, 1957
A Bíblia na Literatura Brasileira, 1957
A Rosa, 1957
Obra Poética,1958
Metal Rosicler, 1960
Poemas Escritos na Índia, 1961
Poemas de Israel, 1963
Antologia Poética, 1963
Solombra, 1963
Ou Isto ou Aquilo, 1964
Escolha o Seu Sonho, 1964
Crônica Trovada da Cidade de Sam Sebastiam no Quarto Centenário da sua Fundação Pelo Capitam-Mor Estácio de Saa, 1965
O Menino Atrasado, 1966
Poésie (versão para o francês de Gisele Slensinger Tydel), 1967
Antologia Poética, 1968
Poemas italianos, 1968
Poesias (Ou isto ou aquilo & inéditos), 1969
Flor de Poemas, 1972
Poesias completas, 1973
Elegias, 1974
Flores e Canções, 1979
Poesia Completa, 1994
Obra em Prosa - 6 Volumes - Rio de Janeiro, 1998
Canção da Tarde no Campo, 2001
Episódio humano, 2007

Outros Textos:
1947 - Estréia "Auto do Menino Atrasado", direção de Olga Obry e Martim Gonçalves. música de Luis Cosme; marionetes, fantoches e sombras feitos pelos alunos do curso de teatro de bonecos.

1956/1964 - Gravação de poemas por Margarida Lopes de Almeida, Jograis de São Paulo e pela autora (Rio de Janeiro - Brasil)

1965 - Gravação de poemas pelo professor Cassiano Nunes (New York - USA).

1972 - Lançamento do filme "Os inconfidentes", direção de Joaquim Pedro de Andrade, argumento baseado em trechos de "O Romanceiro da Inconfidência".

Teatro:
1947 - O jardim
1947 - Ás de ouros
Observação: "O vestido de plumas"; "As sombras do Rio"; "Espelho da ilusão"; "A dama de Iguchi" (texto inspirado no teatro Nô, arte tipicamente japonesa), e "O jogo das sombras" constam como sendo da biografada, mas não são conhecidas.

sábado, 27 de agosto de 2011

Conhecendo Cecília Meireles




Cecília Benevides de Carvalho Meireles
foi uma poetisa, pintora, professora e jornalista brasileira. Ela é considerada uma das vozes líricas mais importantes da literatura brasileira. Seu primeiro livro, Espectro, um conjunto de sonetos simbolistas foi publicado quando ela tinha dezoito anos. Suas poesias eram tão originais que eram consideradas como atemporais.

Cecília era órfã de pai e mãe, por isso foi criada por sua avó portuguesa. Já aos nove anos de idade começou a fazer poesias. Como professora, estudou línguas, literatura, música, folclore e teoria educacional. Ela também teve uma importante atuação como jornalista, pois ela publicava sobre problemas na educação, área à qual se manteve ligada, fundando, em 1934, a primeira biblioteca infantil no Brasil. Em 1939, publicou Viagem, livro com o qual ganhou o Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras. Faleceu 09 de novembro de 1964, aos sessenta e três anos, deixando suas obras como lembrança de sua grandeza como poetisa.